segunda-feira, 24 de junho de 2013

Porque acordamos

Sete horas da manhã e a família toda acorda. A esposa prepara o café porque hoje a empregada faltou (de novo), o filhão se arruma pra mais um dia de escola e, depois, aula de piano, e eu tomo um banho e coloco meu terno azul marinho preferido. Durante o café, damos risada e planejamos o fim de semana, afinal, hoje é sexta. Peço para meu filho ver o que está passando nos cinemas e ele me diz que estreou o novo Homem de Ferro. Digo que é esse mesmo que vamos ver, acabo meu café e falo pra ele se apressar para que eu possa levá-lo para a escola. No caminho, um trânsito infernal. Parece que todo mundo pode comprar um carro agora, e mesmo assim vejo ônibus cheios. Esse pessoal brota da terra, acho. Paro em frente à escola do meninão e ele me pede 100 reais, para comer e ir ao shopping depois da aula. Recentemente tive que cortar a mesada dele para um valor em torno de 400 reais, porque não tá fácil pra ninguém. Dou os 100 reais que ele pediu e vou ao trabalho.
Na hora do almoço com os colegas, eles sugerem uma churrascaria, e nós vamos. Chegando lá, me espanto com o preço: 42 reais por pessoa. Por isso tem gente morrendo nesse país. Durante o almoço, meus companheiros de trabalho parecem indignados como eu. Um deles teve que cancelar uma viagem em família para Las Vegas porque o dinheiro está curto. Outro não vai poder trocar de carro esse ano. Comento que enquanto nós, trabalhadores, muitas vezes passamos necessidades, tem muita gente recebendo bolsa-esmola por aí. Triste ver o país indo para o buraco desse jeito. A tarde passa.
À noite chego em casa, a família reunida vendo filme no pay-per-view e se divertindo, e junto-me a eles. Foi um ótimo final para o dia.
No dia seguinte, sábado, acordamos um pouco mais tarde e pulamos o café da manhã. É dia de shopping e cinema com a família. Minha esposa sugere um restaurante para o almoço, e eu falo que hoje seria melhor comermos no shopping mesmo, para economizar e não passar dos 150 reais. E lá vamos nós. Após o almoço vamos para o cinema, e na hora de comprar os ingressos me surpreendo mais uma vez, pois filmes em 3D estão muito caros. Dessa vez vamos assistir ao filme, mas no próximo sábado vamos ver algum filme em casa mesmo, no pay-per-view de novo (cultura e lazer nesse país são coisas cada vez mais distantes de nós, pessoas normais). Após o filme, vamos pra casa da minha sogra, pois meu filho vai dormir lá, para que eu e minha esposa possamos sair à noite.
Anoitece, minha esposa se arruma, linda como sempre, e eu boto a calça saruel que comprei essa tarde, e uma camiseta branca, bem básico e moderno. Vamos para um barzinho na Avenida Batel, curtir o bom e velho Rock'n'Roll. Nem preciso falar que a conta foi alta, e que agora estou mesmo convencido de que morar nesse país está cada vez mais caro e díficil. Na saída do bar, deparo com outra situação cara: o menino que cuida dos carros. Como estou com o orçamento apertado, dou apenas 10 reais para ele. Eu e minha esposa seguimos para um motel e, pasmo, vejo que apenas 2 horas lá custam mais que o salário da empregada que falta toda vez que o filho está doente.
No dia seguinte pegamos nosso filho na minha sogra, que insiste em fazer almoço para a gente. Eu digo qe não precisa e vamos em um restaurante qualquer. Depois do almoço meu filho pede para que eu o deixe na casa de um amiguinho, e mais 50 reais. Eu dou o dinheiro, afinal o moleque ainda não se acostumou com a nova verba mensal. Minha esposa sugere irmos ao shopping passar o tempo e eu concordo, porque lembrei que preciso de um celular novo.
Chegando ao shopping não encontro vaga para estacionar. O lugar cheio de carros velhos e adesivos provavelmente falsos de deficientes físicos. Estressante. Vejo, enfim, um Chevette saindo de uma vaga e entro na mesma, me perguntando o que é que o dono desse carro poderia ter ido fazer no shopping. Estranho. Dentro do shopping, dou uma volta com a esposa, compro o novo IPhone e vamos para a fila do McDonalds, pegar uma casquinha. Fila enorme, diga-se de passagem. Cheia de mulher com cabelo ruim e filhos gritando,se jogando no chão e com brinquedinhos de plástico. Pegamos nossos sorvetes e vamos em direção à fila para pagar o estacionamento. De novo, muita gente. Gente com chave de Kadett, gente contando moedas, gente cheia de sacola da Renner. Enfim ,vamos embora. Pegamos nosso filho na casa do coleguinha e vamos para nossa casa ver Fantástico.

sábado, 22 de junho de 2013

Santíssima Trindade - Parte II: Manifestagram

Política todo mundo faz, a todo o momento, com seus amigos e familiares, em casa, no colégio, na faculdade ou no trabalho. É a popular “troca de favores” e sem isso não se convive em grupo. Logo, você não tem como odiar a política se não for um ermitão (e aí você não estaria lendo isso).

A representação política (vereadores, prefeitos, deputados estaduais, federais, senadores e presidente) reflete as características do próprio povo que a elegeu. Se o índice de corrupção é alto nesta representação, é porque a maioria do povo brasileiro tem isso no sangue, infelizmente. Você pode achar que faz parte do grupo que não corrompe e não é corrompido. Mas a corrupção está nas pequenas coisas também. No ato de “molhar a mão” do guarda de trânsito, sonegar o imposto de renda, receber troco a mais e não devolver, comprar ou vender produtos e serviços sem nota fiscal, etc. Se você não tem esse tipo de atitude ou algo semelhante, ótimo. Caso tenha, lamento, mas perde os argumentos usados para reivindicar qualquer coisa.

Ok, você é um cidadão honesto e acha que sua cidade, estado e/ou o país estão mal administrados. Você tem o direito de fazer alguma coisa a respeito, seja conversando com as pessoas, formando grupos de representação de sua comunidade, filiando-se a partidos políticos, votando conscientemente ou se manifestando nas ruas. Primeiro passo: informar-se! É fundamental saber o que falar e a quem direcionar o protesto. No começo das manifestações, as palavras de ordem eram “tarifa mais baixa”, direcionado à prefeitura de São Paulo. Conseguiram a redução, porque o movimento tinha uma pauta definida e concreta, além de um alvo específico. Assim, funciona (apesar de o governo ter mencionado que vai tirar do orçamento de outra área para conseguir manter o valor da tarifa). Mas se for para a rua atirando pra tudo que é lado (em todos os sentidos), não surtirá o efeito desejado. E, pelo que presenciei, a maioria é leiga, muitos estão lá pra fazer festa (e tirar fotos pra “galere do face”) e poucos realmente têm algo a dizer. Sou totalmente a favor de levantar a bunda do sofá, mas com coerência, por favor.


Abraço do Servejão, um anarquista utópico incompreendido, mas com pé no chão.

domingo, 16 de junho de 2013

Caxumballs

Terça, dia 11 de Junho, indo para o trabalho ao anoitecer, percebo um pequeno inchaço no lado esquerdo do meu pescoço. Penso comigo que devem ser gases, claro. Chegando lá, peço para algumas amigas darem uma olhada, e opiniões. Algumas dizem que pode ser caxumba ou alguma outra coisa que não lembro. Uma delas diz que se for caxumba eu tenho que cuidar, porque pode descer pro saco. Cacete, encho-me de preocupações.
No dia seguinte vou ao médico, e puta merda, é caxumba mesmo. Minha mãe, ao me ver, fala para eu cuidar muito, porque pode descer pro saco. Ok, já me falaram e eu não havia esquecido. Precisamos sair à noite, casamento do meu tio (eu tinha que ir pra acreditar que ia mesmo acontecer) e fomos buscar minha vó. Ela entra no carro, primeira coisa que fala é: ai, cuide, porque isso vai pro saco.



Durante o jantar, não conto pra ninguém sobre minha condição, mas as pessoas percebem que não consigo movimentar o pescoço e que estou derrubando arroz toda vez que tento comer. Uma pastora, do meu lado, pergunta se estou com torcicolo e eu digo que sim. O jantar acaba, e na despedida, a tal pastora vai me abraçar e solta um violento golpe bem no meu pescoço inchado. Todo o ar some dos meus pulmões. Sinto a vida esvaindo-se de mim. E aí ouço: que Deus te cure. Irônico.
A partir desse dia todo mundo me fala que pode descer pro saco. E eu faço tudo com o maior cuidado, porque porra, não quero essa merda no meu saco. Por isso estou escrevendo menos aqui. Porque pode ir pro saco. Servejão sumiu porque tá ocupado com os ensaios do grupo de dança folclórica, mas ele volta também.

Uma boa semana para vocês. Cuidem, porque pode ir pro saco.

Nícolas

terça-feira, 11 de junho de 2013

O dilema do primeiro encontro.

Olá. Venho aqui hoje para compartilhar minha opinião sobre mulheres que fazem sexo no primeiro encontro. Um tema um tanto quanto espinhoso, pois seres humanos adoram julgar comportamentos alheios.
Tanto homens quanto mulheres fazem isso, você provavelmente faz isso, até eu faço isso. É provável também que a maioria dos homens, e algumas mulheres, ache errado e ''feio'' a mulher sair com o cara pela primeira vez e ir pra cama com ele. E aí eu pergunto: errado por que?
Nesta sociedade machista em que vivemos, é normal o homem falar que adora fazer sexo. Mas, porra, por que é que a mulher não pode gostar também?
Homem ou mulher que pensa que mulher é vadia só por transar com o cara na primeira noite não deve saber que vive em 2013, porque é um pensamento ridículo de tão pequeno. Eu sempre achei que as pessoas devem fazer o que gostam e o que querem. Se um casal se conhece e marca o tal do primeiro encontro e acaba na cama, o que tem de errado? Nada. Errado é deixar a ignorância e o preconceito cortarem logo de cara algo que pode acabar sendo uma coisa legal. Se você é um cara que se acha superior às mulheres e concorda com a idéia de que mulher que faz isso é vagaba, é bem provável que você já tenha deixado escapar algumas mulheres bem legais. Separá-las em ''mulher certinha'' e ''vadia'' não faz sentido. Se você é um cara seguro de si, que gosta mesmo de mulher, você entende que elas são mais fodas do que nós. E gosta disso. Eu, por exemplo, acho legal demais mulher transar na primeira noite. Ou não transar. Desde que seja a vontade dela.
Enfim, sem mais delongas, homens e mulheres, não fiquem se preocupando com essas merdas. Deixem as pessoas fazer o que elas querem. E faça o que você quer, também, mas com consentimento. Forçar algumas mudanças não é o caminho pra nada.

                                                       Servejinha curtiu.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Djavan Filosofia

Como pode? Alguém explica?
Um ser cantante, voz que irrita,
imitante jazzista, ininteligível letrista,
fazer sucesso em excesso,
réu confesso no processo
da metamorfose da melodia
em merda do dia?

A resposta, quem diria,
parece estar na dicotomia.

Toca de noite, toca de dia,
alê auê mainha jabaculê baixaria.

Oh, pleura! Gases na ferida!

Pleonasmo asmático.
Tal qual bacanal ungido
que não deve ser estendido
e entendido não é.


domingo, 9 de junho de 2013

O Rio do PH.

Em Outubro de 2011 Eric Clapton veio ao Brasil. Não tocou em Curitiba, por isso fui até o Rio de Janeiro para ver o mestre ao vivo. Eu não ligo muito pra cidade, mas o Rio é especial por um motivo: Paulo Henrique.
Não, não, nunca peguei. Somos héteros e Paulo ''River Dog'' Henrique é casado com uma mulher muito legal. Conheci PH nos tempos do Orkut, em uma comunidade sobre cinema. Desde o começo foi um cara que me cativou. Como eu já havia ido ao Rio no final de 2008 para o aniversário desse grande (não na estatura) homem e também havia ficado em sua casa por 2 ou 3 dias ( prometi ao PH que não mencionaria aqui que um rato apareceu no restaurante onde comemoramos o aniversário dele), me senti à vontade para pedir abrigo mais uma vez. E o abrigo não foi negado.
Chego no Rio de Janeiro na tarde de uma sexta, PH me esperando no aeroporto, elegante, usando chinelos. Vamos para sua casa, conversando sobre vários assuntos e sobre a vida. PH é como os guias que vemos em filmes, explicando todas as manhas sobre a cidade que conhece tão bem. Chegamos na Maison PH, coloco uma roupa mais adequada ao clima infernal da cidade, passo a mão no Zein, o cachorro do PH ( o cachorro mais sensacional que já vi. Mais inteligente que maioria dos humanos, talvez porque o PH passe o dia conversando com ele como se o cãozinho fosse um humano mesmo ) e vamos encontrar nosso outro amigo, Kpenga, que está no Pão de Açúcar com duas amigas alemãs.
Durante o caminho até o Pão de Açúcar é provável que tenhamos dado risadas sobre assuntos envolvendo o PH mas não lembro. Ok, chegamos no local, Kpenga está lá na frente, esperando as alemãs, que foram dar uma voltinha. Elas voltam, somos apresentados. Kpenga comunica que precisa ir dar uma mijada, deixando as alemãs comigo e com PH. Elas sabem Inglês, eu sei Inglês, mas PH só sabe ''carioquês''. Traduzo algumas coisas para meu amigão, converso com elas, simpáticas e tudo mais. Perguntam idade do PH. Ele diz que tem 36. Depois descubro que ele mentiu a idade. O motivo eu não sei. Kpenga volta.
Depois do Pão de Açúcar a gente anda pra cacete, porque as alemãs queriam ver alguma coisa, a casa de não lembro quem. Cansados após a andança, vamos tomar uma cervejinha na Lapa, acho. Bebemos, rimos conversamos. PH precisa ir embora para ver a esposa. As alemãs acham fofo ele se preocupar assim. Saímos do bar e PH some, para logo retornar com uma sacolinha cheia de balas de morango e um bombom pra cada um, pra dar uma aliviada no álcool. Aí que a mágica ''PHística'' entra em ação. As alemãs acham isso a coisa mais fofa do mundo, porque aparentemente os homens daquele país são uns bostas e PH arranja novas fãs. PH vai embora, e eu e o Kpenga levamos as alemãs num baile funk e numa balada vazia. Vou embora pra casa do PH, e ao chegar lá, vocês não sabem o que eu vejo ao abrir a porta. PH em um pijaminha azul bebê. Nunca em minha vida vi algo tão bonitinho assim. Vou dormir tranquilo ao saber que estou na casa de um anjinho.
No dia seguinte PH me ensina a ir no local do show, pois precisava pegar os ingressos. À noite encontramos o Kpenga em Copacabana, para drinks. No metrô, falamos pras alemãs que o apelido do PH é Teddy  Bear ( ''ursinho'' em português). A partir desse momento, só chamamos ele assim. Comemos pizza com as alemãs e Teddy Bear nos deixa na frente de uma escola de samba. Lugar divertido, cheio de gente. As alemãs começam a tirar fotos de tudo que acham interessante. Eu e o Kpenga também. Lembram dele?





Depois da escola de samba, as alemãs voltam para o hotel, e eu e o Kpenga entramos num puteirinho, para mijar ( sério ). Ganhamos duas doses de whisky lá e sentamos bater um papo. No meio de uma conversa sobre as escolhas artísticas de Robert Downey Jr, uma prostituta de uns dois metros, negra, chega na gente, oferecendo seus serviços obscenos.  Kpenga diz que ela é linda, mas que só estávamos passando tempo ali. Saímos de lá e fomos beber na beira da praia até o amanhecer. Como um casal de bichas. PH me manda um sms no meio da madrugada, perguntando se tá tudo bem, e eu imaginei ele no sofá, de pijama azul, perninhas cruzadas, me enviando mensagem no celular. Ele é fofo assim.
Chego na casa do PH umas 10 da manhã de domingo. Durmo umas 3 horas, almoço e vou pro show. Kpenga também vai ao show. Espero ele lá na fila, e quando percebo, um cara alto, de calça xadrez, se aproxima. É meu amigo. Pergunto se ele está indo ver show do Justin Bieber, porque calça xadrez é muito gay. O show foi foda. Clapton é foda demais. Volto pro PH pra dormir e me preparar para voltar pra casa no dia seguinte.
A segunda- feira chega e PH prepara almoço pra mim, pro Kpenga e pras alemãs. Kpenga chega e vai direto ao quarto onde PH guarda seus filmes. Os filmes do PH mereciam um texto separado. Lá nesse quarto você pode encontrar clássicos como  ''Efeito Borboleta'', ''Um Caso à Três'', ''Um Amor para Recordar'', ''O Som do Trovão'', ''Eliana e o Segredo dos Golfinhos'' e muito mais ( deixando claro que ele também tem uns três filmes bons). Kpenga tira umas fotos segurando os filmes, porque porra, PH é sensacional.
Almoçamos, PH ganha brigadeiro de colher na boca de uma das alemãs, e elas vão embora. Eu fico mais um pouco e chamo um táxi pro aeroporto. Na viagem de volta, impossível não pensar que melhor do que ver o Cristo ou qualquer outro ponto turístico, é passar uns dias com esse pequeno grande homem, um dos mais legais que já conheci.


Uma semana de muitas alergias para vocês.

Nícolas.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Friend Zona

Primeiro de tudo, vamos parar de frescura: não faz o menor sentido torcer o nariz pro assunto prostíbulo/zona/boate/bordel/puteiro. Nem alimentar preconceito ou achar que ofende alguém ao chamar de “putanheiro” ou “vagabunda”. Não interessa se você acha que isso é errado, que é o fundo do poço tanto pra cliente quanto para profissionais do ramo. Oito em cada dez homens já foram a uma zona ao menos uma vez na vida*, portanto, sacanagens à parte, hipocrisia de cu é rôla. Agora posso contar o causo.

Começou, como de praxe, num boteco, bebendo todas até altas horas. Estávamos em uns cinco ou seis jaguaras falando muita merda e também muita coisa que preste, até que um deles sugeriu finalizar a noite numa zona. Tá certo que a bebida lá é bem mais cara, mas ninguém vai em puteiro pra ficar enchendo a cara, só pra se divertir mesmo. Eu falei que não iria porque não tinha quase nada de grana, já tinha gasto a maior parte no bar, mas um desses amigos garantiu que me emprestaria uma grana, até porque a intenção não era demorar muito.

Chegando no estabelecimento, tivemos uma ótima recepção e cada um da turma foi se acomodando com uma puta. Lembrei meu amigo da grana e ele só falou “nem esquente, só não gaste muito”. Gostei de uma moça lá, ela estava disponível e veio ficar comigo num dos sofás do lugar. O “ficar” era só isso mesmo, pagar umas doses a ela, receber uns agrados, pagar outras doses e conversar. As doses são caras, mas é justo, muita gente vai só pra se divertir, mas sem fazer sexo. Com as doses, conseguem arrancar um pouco mais da nossa grana. Pois bem, o tempo foi passando, eu ficando mais e mais alegrão e pagando mais doses pra moça. Quando vi que já havia passado um bom tempo, pedi pra ela calcular o valor da minha consumação. Ela voltou, mostrou o total e eu fiquei estupefato! Havia gasto pelo menos o triplo do que eu tinha. Despedi-me da acompanhante e esperei aquele meu amigo aparecer pra emprestar o dinheiro que faltava. Quando ele veio, comentei e ele começou a rir sem parar. Achei que era apenas pela minha desgraça, mas ele confessou que, por descuido, havia gasto também a grana que iria me emprestar. Shit!


Ainda bem que eu estava bem bêbado, porque pude rir junto, mesmo sabendo que eu tava fodido. Fomos conversar com a mulher do caixa, foi uma novela até ela entender a lamentável situação e me dar esporro (sem trocadilhos, por favor). Enfim, consegui fazer um acordo com ela: deixaria meus documentos e me comprometeria a voltar em duas semanas para pagar a dívida.

Passado este período, combinei com os amigos de voltarmos lá, dessa vez eu teria mais grana, tudo melhor planejado. Só que fizemos a mesma coisa, fomos antes a um bar e bebemos um monte. Cheguei na zona já alegrão e a primeira coisa que fiz foi pagar a dívida e pegar meus documentos. Mas não é que, mesmo com aquele sertanejo universitário ingrato no maior volume, eu me animei e fiquei com outra mulher lá? E até pensei “dessa vez não vou exagerar”. Algumas doses e vários agrados depois, hora de ir embora. Fecho a conta e... Já dá pra imaginar, né? O valor total ficou bem mais alto do que eu pensava. Verifiquei a carteira e eu não estava errado. “Eu me fodi de novo”. E dá-lhe conversa, mais uma novela (maior que a primeira), mais esporro da mulher do caixa e mais uma vez meus documentos deixados na zona.

Mais duas semanas se passaram até que arrumei grana pra voltar lá e pagar. Lembro que tava um frio absurdo, chamei os amigos, mas dessa vez eles não podiam (e ir na zona sozinho não tem muita graça). Quase indo pro ponto de ônibus para voltar pra casa, comecei a filosofar – estava completamente são. Decidi ir sozinho mesmo por questão de lógica. Sóbrio e sem a turma, não teria tanta graça, chegaria lá, pagaria e viria embora. Fiz isso. Menos a parte de ir embora, porque a moça que havia ficado comigo na última vez insistiu muito para que eu ficasse mais um pouco. E, sério, se você não conhece, não sabe o poder de persuasão de uma puta. Paguei só umas duas doses, ela sabia que eu não iria ficar muito tempo mesmo, mas me agradou bastante, fez questão de colocar um vestido beeeeeem mais curto apesar do frio congelante, como se eu tivesse pagando rios de dinheiro pra ela. Ao final, é lógico, me abraçou e disse que gostava muito de mim.

Tem como não gostar de um lugar desses? Finalizo com a célebre frase daquele meu amigo, companheiro dessas andanças: “A zona é boa, a zona é jóia. Tem gente que não gosta, mas tem gente que apóia.”

* 83% das estatísticas são inventadas no momento em que são citadas.     


Servejão.



quinta-feira, 6 de junho de 2013

A volta dos que não foram.

Não faz diferença se você, mulher, namorou um cara por 10 anos ou ficou com ele por 10 dias, se ele volta a falar com você depois de um tempo separados, elogia, pergunta se tá namorando ou ficando com alguém, é porque ele quer te comer.

                                          ''Oi, voltei e quero te comer.''



Mulher é um bicho complicado pra cacete, a gente sabe. Mas homem é uma merda. Se a mulher leva fora ou termina, ela vai querer fazer com que o cara sinta ciúme, que ele fique pensando: ''pô, perdi uma mulher bacana...''.  O homem não.Se ele termina ou leva fora, ele supera, e se depois de um tempo estiver na seca, meio sem pegar ninguém, é quase certo que ele vai querer pegar uma ex-ficante ou ex-namorada, porque já se conhecem, e porque  na cabeça dele ela nunca o esqueceu. E não importa a maneira como eles se separaram. Ele pode ter comido a melhor amiga dela, pode ter namorado outra ao mesmo tempo ou usado chinelo e meias pra sair com ela, ele vai voltar depois de um tempo: ''tá bonita, hein?''.


Um abraço bem forte.

Nícolas

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Demasiado borracho

Antes de tudo preciso contar uma coisa: poucas vezes passei mal por abusar do álcool. De verdade mesmo. A gente se diverte, bebe um pouco e tal, coisa normal. Mas passar mal de verdade foram poucas vezes. O relato a seguir é sobre uma dessas vezes.
Em um sábado, talvez de Abril ou Maio, marquei com amigas do trabalho ( é, soa como Sex and the City, eu sei ) de irmos no Sheridans, um pub irlandês aqui da cidade. Lugar legal, pessoas mais legais ainda. Ao chegar lá, lugar cheio, as meninas em uma mesa perto do palco, sento-me com elas e peço uma caipirinha.
Conversamos sobre assuntos que não vou me lembrar agora, mas nada que vocês precisem saber. Tomo umas 5 caipirinhas. Decido tomar uma cerveja e peço uma Heineken. Não sabia, mas era o começo do fim.




                                           Ralando na boquinha da garrafa 

Preciso dizer que a banda que estava tocando no dia era uma merda. Não lembro o nome, mas era uma bosta. Geralmente essas bandas que tocam em lugares bonitinhos são ruins (exceções existem, claro) e essa não era diferente. Minha alma é velha, eu gosto de ir em bar e conversar, algo que a banda de merda estava dificultando. Bebo mais. Talvez umas 5 Heinekens. Fico de saco cheio daquela merda de banda tocando em alto e ruim som. Recebo uma mensagem de texto do Servelicious. Por acaso, o rapaz está no Yankee, logo na frente do Sheridans. Despeço-me do pessoal e dirijo-me ao local onde meu amigo se encontra.
Entro no lugar, uma banda de Rockabilly no palco, meu amigo Servejão perto do balcão. Ah, sinto-me em casa. Pra agradar o rapaz (e porque eu já estava bêbado e generoso), peço uma dose de Jack para ele e uma para mim. Puro, sem frescura de gelo, somos machos. Tomamos uns goles, conversamos, rimos. Peço mais uma dose para cada um. Atrapalho um amigo nosso que estava xavecando uma gatinha, fazendo ela ir embora. Tomamos mais umas 3 doses cada um. É, eu sei, dois inconsequentes.
 A partir daí flashes assombram minha mente. Uma mensagem de texto escrita errada ( celular touch e álcool, sabem como é ). Eu saindo do Yankee e indo em direção ao Sheridans. Um grupo de patricinhas na frente. Eu encostando num poste. Eu vomitando. Patricinhas falando ''ui''. Eu sentado no banquinho do vallet porque estava cansado de vomitar em pé na calçada. Minha amiga falando que não ia me levar assim no carro dela. Eu pedindo pro táxi parar na rua pra poder vomitar mais. Eu em casa, no banheiro, achando que ia morrer e pensando que não devia beber nunca mais.

No final, sobrevivi.

Nícolas.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Santíssima Trindade - Parte I: Que time é teu?

Futebol é entretenimento para o espectador, quem tem de levar o esporte a sério são os profissionais envolvidos. Torcer por um time é algo um tanto irracional, não tem lógica nenhuma, e levar isso a sério é dar chance para a merda acontecer. Óbvio que não estou falando sobre a diversão saudável de zoar e ser zoado (nenhum time sempre ganha ou sempre perde, né não?), pois isso é justamente não levar a sério o que foi feito para passar o tempo. O problema é a estupidez de se sentir ofendido ou tentar ofender com a zoação e partir para a ignorância, enquanto os jogadores de seu amado time nem sabem da sua existência e seu idolatrado clube só quer saber do seu dinheiro. Se não foi você quem começou com as ofensas, pare com elas. Se foi, pare antes ainda.

Abraço do Servejão, um são paulino não muito empenhado.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Por que porta dos fundos faz tanto sucesso?

Porque o que é proibido é mais gostoso.

A carne nossa de cada dia.

Nos últimos dias várias pessoas compartilharam o vídeo do menininho falando que não quer comer animais. É fofo porque ele é uma criancinha, mas não deixa de ser bobagem. Se isso de ser vegetariano é um estilo de vida, eu não respeito. Existe, porém, algo pior: o veganismo. Eles não comem, vestem, usam e nem olham para nada que seja feito ou que venha de animais. Frescura. Pra mim, a vida sem carne de porco, carne bovina, queijo e feijoada não é vida. Passamos pouco tempo no mundo, porque não experimentar todos os tipos de comida que podemos experimentar?
Além de considerar frescura isso de não comer carne, também  acho uma coisa meio rude. Se eu faço um churrasco na minha casa e vem algum vegetariano, ele vai se foder. Só vai comer alface. Se tiver alface. E nem vou comentar sobre as proteínas, embora falem que o corpo não deva ser poluído por elas. Como os meninos de South Park já falaram: se você não come carne, pequenas vaginas irão surgir em sua pele.
Então, porra, se você é desses vegans pentelhos, dê uma chance e experimente uns pedaços de carne. Se você não gostar, tudo bem. Mas se gostar, aproveite. Comer não deveria ser ativismo. É pra se divertir, aproveitar e até aprender sobre aspectos de várias culturas e países.
E para findar esse texto, compartilho com vocês algo que presenciei. Num churrasco de uma família amiga minha, um dos convidados só comia carne de soja. O patriarca assou a carne de soja e, ao perceber que o  rapaz não havia comido nada, indagou: ô cara, você não vai comer essa merda?

Sucesso para todos vocês.

Nícolas.

domingo, 2 de junho de 2013

Frio do cão.


Que horas são?

Chego ao ponto de ônibus alguns minutos antes do horário, como de costume. Sou velho e cheio de manias: tento chegar sempre um pouco antes em todos os lugares, só coloco meia e amarro cadarço começando pelo pé esquerdo, não experimento comida em restaurantes, não gosto de comprar roupa, durmo em qualquer lugar quando bebo muito (até em escada de zona, ao lado da caixa de som no volume alto), entre outras coisas. E não uso relógio de pulso. Nada demais, só não curto mesmo. O problema é que em certas situações eu procuro constantemente saber as horas, quantos minutos se passaram desde a última olhada. E esperando ônibus é uma situação desse tipo.

Frio pra caralho, pego meu celular do bolso para ver as horas. É do tipo flip, comprado há uns cinco anos, mais por insistência da namorada que não agüentava mais me ver com o celular mais antigo que parecia um tijolo com botões. E começo a pensar nisso, por que nunca mais troquei de celular? Todo mundo aí de smartphone, touch screen e tal, podendo tirar foto de comida, interagir online enquanto está numa reunião com amigos... E eu nem câmera tenho no celular. Fecho o aparelho e o guardo no bolso. E lembro que não vi as horas.

Dou risada da minha idiotice, olho pra rua, nem sinal do ônibus ainda, e pego o celular no bolso novamente. Abro o flip e lembro que não deveria ter deixado o aparelho no bolso da frente, que está rasgado e ele poderia cair no chão sem eu perceber. Minha calça só tem um bolso que realmente presta, sei que está na hora de comprar outra, mas tem aquela mania que comentei lá em cima, odeio comprar roupa, deixo sempre pra quando não tem mais jeito mesmo. Guardo novamente o celular, certificando-me de colocá-lo no único bolso decente da calça. E me xingo por ter esquecido de ver as horas de novo.

Penso comigo mesmo “deixa de ser burro e veja a porra do horário!” e pego novamente o maldito celular. Até respiro fundo pra facilitar a concentração, mas acabo tossindo porque esqueci que estou com bronquite. Aí me vem na lembrança aquela música que fala sobre... “Não! Foda-se a música, veja a porra do horário, energúmeno!” Quase me distraí de novo. Esvazio então a mente e olho pra tela. Consegui, celular bastardo! De tão animado quase não ouço o ônibus chegando.

Dou sinal, entro, pago e me acomodo, mostrando meu semblante de vencedor. Escuto um trecho da conversa entre um passageiro e a cobradora: “Nossa, hoje atrasou, hein?”. Talvez pelo meu pequeno drama com o aparelho não tenha percebido isso, e mentalmente começo a fazer a conta do tempo do atraso. O problema é que vou ter de pegar o celular no bolso novamente, porque já esqueci que horas são.