terça-feira, 17 de setembro de 2013

Vlog for Dummies

A quantidade de vlogs atualmente é alarmante. Vlog sobre moda, religião, maquiagem, videogames, música, crochê e assuntos diversos. Os piores, porém, são os vlogs feitos por rapazes revoltadinhos, tipo aquele Felipe Neto. Visitando alguns desses vídeos é possível perceber um padrão, como se existisse um manual não-escrito para se fazer um vídeo e botar no Youtube. São uma espécie singular. Como um Clube da Luta (bem distorcido, é verdade), só que para a geração Twitter, eles parecem seguir regras mais ou menos assim:

- Use barba - porque devem achar que passa credibilidade. Ou porque barbas são a nova mania, tipo cupcakes no ano passado.

- Grite - se o cara gritar, a opinião, muitas vezes equivocada, vai parecer verdade. E também passa a impressão de que ele foi o primeiro a pensar no que tá falando.

- Use palavrões. Pra caralho - e se possível, grite palavrões. Xingue quem está vendo o vídeo. Xingue a mãe dele. Xingue Crepúsculo. Xingue pagodeiros. Xingue tudo.

- Seja incoerente - talvez uma das regras mais importantes. Recentemente eu vi um vídeo de um cara falando sobre Rock in Rio. Ele falava muito mal da Ivete. Falava que deveriam ter apagado o Carlinhos Brown no dia que ele tocou no festival. E logo depois reclamou que Cláudia Leitte comparou roqueiros com nazistas.

- Seja intolerante - o vlog é seu. A sua opinião é a mais importante e também a mais verdadeira. Só o que você gosta é bom e você não precisa tentar conhecer coisas ou pontos de vista diferentes.

- Fale que você não entende muito sobre um assunto. E fale sobre esse mesmo assunto por 10 minutos no seu vídeo - aquele tal de Cauê, um barbudo, famosinho, fez isso num vídeo sobre cinema. Uma aula sobre como perder a credibilidade, se é que tem, logo de cara.



- Fale mal sobre qualquer coisa - nunca vi um vídeo de alguém elogiando alguma coisa. O legal é falar mal.  Falar mal de mulher que usa roupa curta (já vi, sério), falar mal da música do momento, falar mal de fãs de algum livro. Falar mal, usando óculos escuros, é cool.

- Crie um nome que resuma suas ideias e seu vlog - dos que eu lembro, todos tem nomes que fazem todo o sentido. ''Não Faz Sentido'', ''Tattoodo Errado'', ''Nexo Algum''. Todos nomes auto-explicativos, que já entregam o que você precisa saber sobre seus realizadores e objetivos.

- Edição slasher - cortes aleatórios são uma constante. Sem motivos aparentes. Estão lá em toda frase, como uma vírgula, ou ponto final. Falar uma frase seguida de outra deve ser contra os princípios dos vlogueiros.

É provável que existam mais regras, pois fazer um vídeo pro Youtube é assunto sério, e os heróis que fazem isso e se dedicam precisam ter suas vozes e ideias ouvidas, são engraçados, inteligentes, sagazes e tem coisas importantes para falar. Nas cabeças deles e dos amigos retardados que sugeriram a ideia, claro.

P.S: eu sei que saiu um texto um pouco revoltadinho. Mas podia ser pior. Podia ser um... vlog.



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ser-ve-jão

Smartphones são uma merda. A bateria acaba mais rápido que o fôlego de um velho de 70 anos tentando se masturbar em pé. Porém, se fossem bons aparelhos, esse texto teria imagens fantásticas do Servelicious totalmente bebaço.
Conheço ele há 6 ou 7 anos, e, com exceção de uma vez, sempre o vi em bar. Nunca nos encontramos para ver um filme no cinema ou qualquer outra coisa. Sempre fomos beber. E, durante esses anos, poucas vezes eu o vi bêbado de parecer que vai cair em todas as esquinas. Hoje foi uma dessas oportunidades.
Hoje, domingão de sol, saímos tomar umas cervejas, como sempre.  A tarde foi tranquila e nada de extraordinário aconteceu. Ficamos lá apodrecendo no sol, tomando cerveja, e depois fomos para outro bar.
Sentados no canteiro, tomando cerveja direto do gargalo como bons homens das cavernas modernos, conversando sobre a vida e seus desdobramentos, uma garrafa após a outra, eu fico alegre (é o que eu acho. E o texto é meu), e o Sergio fica cada vez mais bêbado. E se você já o viu bêbado, você entende o porre que é. Ele fica teimoso, ainda mais repetitivo e ainda mais risonho. Fica olhando pro celular, checando as horas, com medo de perder o ônibus que só vai passar dali a duas horas. Fica contrariando minhas afirmações comprovadas pela internet 3G de que a merda do ônibus para São José dos Pinhais vai passar meia-noite e dez e falando que tá fodido se perder esse ônibus, porque precisa trabalhar amanhã. Tudo isso de 5 em 5 minutos.
Resolvemos, então, ir embora. Eu o acompanho até o terminal de ônibus, porque suas pernas estão moles e ele realmente está bebaço. No caminho, com o horário detalhadamente planejado, ele para e decide comer cachorro-quente, como se desafiasse os ponteiros. Eis que, descendo o Largo da Ordem, eu paro para mijar num banheiro químico e ele se encosta sobre uma cerca de metal, derrubando uma dessas cercas e rindo. Eu ri também, porque foi engraçado pra caralho ver o Sergio de bermudas, bêbado, com a cara suja de maionese, derrubando cerca de metal. Após me recompor eu o chamo e continuamos a jornada. Até ele parar para mijar na rua.
No caminho, ele verifica o relógio mais umas 4 vezes e pergunta se eu tenho certeza do horário do ônibus dele, fala que tá cozido mais umas 7 vezes, ri mais umas 10, andando todo torto e batendo na parede como se estivesse jogando ping-pong humano.
Ao chegar no terminal, ele vai olhar a tabela de horários, porque é um bêbado teimoso. Vejo, então, o ônibus que ele precisa pegar. Se eu não pedisse para o motorista parar, Servejão estaria agora dormindo na rua porque é um pinguço lerdo. Ele me dá um abraço caloroso e o motorista fecha a porta. Eu, puto, faço sinal de ''espera, porra'', e ele abre a porta novamente. Servejão entra e faz chifrinhos com os dedos pra mim.
5 minutos depois recebo no celular: ''ahahahaahah brigado, viio. Pegtte o busani''.